A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta sexta-feira (21) que “não tem comparação” entre as atuações do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), no caso da trama golpista com a do ex-juiz Sergio Moro durante a Operação Lava Jato.
Ela afirmou que o ministro foi duro, mas correto, ao ouvir o tenente-coronel Mauro Cid, delator da preparação para o golpe em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro. Durante a oitiva, Moraes ameaçou prender o delator e reabrir investigações contra seus parentes.
“Eu vi [o vídeo da oitiva de Cid], assim como eu vi os depoimentos do presidente Lula e do Sérgio Moro. Não tem comparação. Não tem. O Alexandre pode ter sido duro. E eu acho que o magistrado é, quando faz as inquirições. Mas ele foi extremamente correto”, afirmou Gleisi em entrevista coletiva após a abertura do evento de comemoração pelos 45 anos do PT, na zona portuária do Rio de Janeiro.
“Eu não vi coação ali, não vi pressão. Eu vi ele sendo firme, perguntando, firme, para quem estava delatando. Dizendo: “Você vai dizer a verdade? É isso?’ E acho que uma coisa importante nesse processo, são as provas que nós temos.
Em 21 de novembro de 2024, o tenente-coronel compareceu à sala de audiências do STF pressionado por pedido da Polícia Federal e parecer da PGR (Procuradoria-Geral da República) favorável à sua prisão por descumprimento dos termos do acordo.
Moraes fez um longo preâmbulo antes de passar a palavra ao colaborador, o alertando sobre a possibilidade de prisão, de revogação da colaboração e de continuidade de investigações contra seus familiares caso não dissesse a verdade.
Cid acabou mudando a sua versão em pontos capitais do caso e, ao final, viu a sua delação mantida e o pedido de prisão, retirado.
“Eu acho que o ministro Alexandre está conduzindo muito bem. E está respeitando o devido processo legal. As prisões que houve até agora, eu acho que só teve uma, do Braga Neto, que foi porque ele fez contato com pessoas que ele não podia fazer. Não foram as prisões que o Moro fez contra o Lula, contra as nossas lideranças na Lava Jato”, disse a presidente do PT.
“Não tem nem comparação, nem se compara o que aconteceu lá com o que está acontecendo aqui. Aqui tem o respeito ao devido processo legal, lá não teve. Lá nós não tivemos direito, inclusive, de ser ouvidos e inquéritos. Muitas pessoas foram presas antes disso. Então, não dá para comparar. O ministro Alexandre tem sido muito correto.”
Gleisi afirmou que é direito de Bolsonaro lutar por sua absolvição. Mas minimizou a possível repetição da estratégia de Lula adotada em 2018, de manter a intenção de registrar a candidatura mesmo estando inelegível.
“É o direito dele lutar por ele, né? E se defender. Só que eu acho que a situação dele é muito complexa, é muito complicada. Não vai ser simples, não.”
A líder petista disse que o governo Lula deve melhorar sua aprovação com a melhora dos índices econômicos e com a volta das viagens do presidente.
Ela afirma que a queda nas pesquisas se deve a um conjunto de fatores, como os boatos sobre taxação do Pix, o aumento no preço dos alimentos e o recolhimento de Lula para cuidar da saúde. Também vê “erro na disputa política na sociedade”, o que, para a presidente do PT, reflete na estratégia de comunicação.
“Eu acho que não é um erro só de comunicação. Acha que é um erro da disputa política na sociedade e a comunicação reflete um pouco isso. É um ministério muito trabalhador, que fez muito, mas acho que ficou muito calado em termos de disputa política. Eu acho que, agora, está acordando para isso. De falar das coisas, de contrapor as críticas”, afirmou.
“Se as pessoas criticam, a gente tem que se defender. A gente tem que contrapor as críticas. Aí, às vezes, me parece, teve um período em que o governo ficou um pouco mais calado a isso. Os ministros e o conjunto do governo. Hoje, eu sinto que está mais ofensivo. E é isso que tem que ser.”
A presidente do PT não se posicionou sobre sua sucessão no comando da sigla, que será alterada este ano. Ela afirmou que o nome do ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva, preferido de Lula, “desponta mais, mas há outras candidaturas”. Ela citou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
“Nós precisamos de um partido unido, unificado, fortalecido. Mas está iniciando agora esse processo. Dentro da corrente da CNB vai ter um prazo para inscrição e depois a gente vai abrir o prazo para os outros candidatos. Zé Guimarães, por exemplo, é um dos nomes muito mencionados também. Ele é um excelente nome. Ele vem de uma região importante do país, que é o Nordeste. Eu digo que é a nossa cidadela política eleitoral. Então, tem toda a legitimidade também para se colocar e fazer esse debate.”