Futura ministra da articulação política e agora ex-presidente do PT, Gleisi Hoffmann prometeu cuidar do partido “de dentro do governo”. Ela assumirá a Secretaria de Relações Institucionais na segunda-feira (10), no lugar de Alexandre Padilha.
Nesta sexta (7), a tendência CNB (Construindo um Novo Brasil), maior força interna do partido, indicou o nome do senador Humberto Costa (PE) para sucedê-la interinamente. Em uma reunião marcada por elogios a Gleisi, ela se despediu afirmando que deixa o PT, mas o PT não sai dela.
Com a voz embargada, disse que a presidência do partido foi a tarefa mais importante de sua vida. Afirmou que sentirá saudade.
Ainda segundo relatos, Gleisi disse também que o partido compõe a base governista, mas não é o governo Lula. Ela ressaltou a importância da aliança de partidos em torno do governo.
Gleisi elogiou Lula, afirmando até que ele representa o empoderamento das mulheres na política. Além dela mesma, citou a ex-presidente Dilma Rousseff como exemplo dessa valorização. Ela também reconheceu a necessidade de reversão dos índices de popularidade do presidente.
O anúncio de Gleisi recebeu crítica de dirigentes do centrão, interessados em assumir a execução de emendas parlamentares e queixosos de um estreitamento do governo à esquerda.
O presidente do União Brasil, Antonio Rueda, disse que o presidente vive seu pior momento no terceiro governo e precisa ouvir mais os partidos aliados.
A crítica ocorre em meio às negociações da reforma ministerial, em que os aliados reivindicam maior espaço no governo. Até agora, Lula contemplou apenas o PT.
A CNB definiu na quinta (6) à noite que Humberto Costa assumirá a presidência interina do partido a partir da próxima semana, em mandato tampão até o início de julho, quando ocorre eleição para escolher quem comandará a legenda.
A escolha será submetida ao diretório nacional do PT no prazo de 60 dias, por determinação do estatuto do partido.
O parlamentar terá a missão de conduzir o processo sucessório. No ano passado, ele coordenou o grupo de trabalho eleitoral do partido na campanha municipal pelo país.
Para a presidência efetiva do partido, o nome forte é o do candidato de Lula, o ex-ministro e ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva. Mesmo sendo o escolhido do principal líder do partido, Edinho enfrenta resistências dentro da CNB.
Com a definição de Lula sobre a pasta da articulação política, Gleisi é obrigada a deixar a presidência do PT porque o estatuto do partido proíbe a participação na direção partidária de pessoas em cargos executivos, o que inclui ministros. Ela estava à frente da sigla desde 2017.
A escolha dela para ministra gerou incômodo entre partidos do centrão e ministros do PT antes mesmo de ser anunciada, e sua confirmação reforçou a desconfiança nesses grupos sobre como será o seu papel.
De perfil combativo e crítico, Gleisi já travou embates com legendas não só da oposição, como da base aliada, assim como com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
Segundo interlocutores, o presidente tem se queixado de falta de disputa política na relação com o Congresso Nacional. Nas conversas sobre a sucessão na pasta, Lula disse que deve a Gleisi a oportunidade para mostrar sua capacidade de articulação.
O presidente afirmou ainda que a opção por ela no ministério seria um reconhecimento ao seu trabalho no comando do PT. A SRI é responsável pela relação do Executivo com o Legislativo e com empresários, por meio do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável.