A decisão da BBC de retirar do ar o documentário “Gaza: Como Sobreviver a uma Zona de Guerra” gerou forte repercussão entre profissionais da mídia e do cinema britânico. O filme foi removido em 21 de fevereiro, quatro dias após sua publicação, junto com uma reportagem relacionada.
A emissora justificou a decisão afirmando que “perdeu a confiança” no documentário após descobrir que o narrador, um menino de 13 anos, é filho de um oficial da organização terrorista Hamas.
Desde então, a BBC enfrenta críticas divergentes. Enquanto alguns telespectadores alegam viés contra Israel, outros protestaram contra a remoção, acusando a emissora de censura.
Nos últimos dias, mais de 800 jornalistas e cineastas assinaram uma carta que acusa a decisão de censura e racismo por silenciar o relato de uma criança sobre a guerra em Gaza.
O diretor-geral da emissora, Tim Davie, afirma que a remoção não teve motivação política, mas atende à necessidade de revisar possíveis falhas na produção. Em nota, publicada no lugar da reportagem, a BBC declarou:
“‘Gaza: Como Sobreviver a uma Zona de Guerra’ apresenta histórias importantes que acreditamos que devem ser contadas —as experiências das crianças em Gaza. Continuam a surgir questões sobre o programa e, à luz disso, estamos realizando mais consultas com a empresa de produção. O programa não estará disponível enquanto isso estiver ocorrendo.”
Na última terça-feira, a BBC admitiu que deveria ter investigado melhor as conexões do garoto e afirmou que está conduzindo uma análise interna para esclarecer o caso. Davie não descartou a possibilidade de o documentário voltar ao ar após a investigação.
Uma revisão interna apontou que a Hoyo Films, produtora independente responsável pelo documentário, pagou uma “pequena quantia de dinheiro” a um familiar do menino. A produtora nega qualquer repasse ao Hamas e afirmou estar cooperando com a emissora para esclarecer eventuais falhas na produção.
O presidente da emissora, Samir Shah, reconhece que o caso afeta a credibilidade do veículo e prometeu uma revisão independente da cobertura do Oriente Médio. Enquanto isso, a Ofcom, reguladora britânica de comunicação, afirmou que pode intervir caso a investigação da BBC não seja considerada satisfatória.
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