Em meio a distrações tais como a instituição do semipresidencialismo e ataques à Lei da Ficha Limpa, Brasília gira (em falso) no ritmo da prometida reforma ministerial.
Solução velha para circunstância nova está evidente, mas vamos lá: pode ser que o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) tenha alguma ideia original para lidar com o atual ambiente de mar refratário a peixes.
A distribuição de cargos já não consegue ter o efeito de tempos atrás. Ainda que as 38 pastas fossem entregues a deputados e senadores e todos os partidos contemplados com cadeiras no primeiro escalão, isso não garantiria fidelidade no Parlamento nem consolidaria alianças para a próxima eleição. Falamos em fevereiro, ainda como hipótese, de uma reforma anunciada pelo ministro da Casa Civil a ser feita em janeiro, cujas conversas, segundo indicou Lula, só começarão em março na volta do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) das férias.
O presidente não revela outro objetivo a não ser o já explicitado de dar uma renovada no contrato com o centrão, a fim de amealhar aliados para seu projeto de 2026. Compromisso atrelado à recuperação de popularidade ou, como diz Gilberto Kassab (PSD-SP), na capacidade de “reverter o cenário”.
Aliás, Kassab não mudou a análise de que o presidente hoje estaria em maus lençóis eleitorais. Modulou a forma, mas manteve o conteúdo. Quem fala em reversão sinaliza necessidade de transformação da conjuntura adversa.
A troca de nomes sem critério de eficácia equivale a chover no molhado. É consenso mesmo entre governistas que a atual equipe é insuficiente, com exceções aqui e ali. No Palácio do Planalto só ressoa a voz de petistas desprovidos do estofo de antecessores. Fora dele, Lula reza seu catecismo para devotados.
Por isso apareceu na última pesquisa Quaest com 49% das intenções de votos. Menos que os 50,9% de 2022. Só um ministério composto de pessoas que sirvam como referência nacional e sejam reconhecidas pela sociedade será capaz de ajudar na pretendida virada da maré.
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